O Banco Central Europeu não tirou ainda o pé do acelerador e aumentou pela décima vez as taxas de juro de referência em 25 pontos base, fazendo com que a taxa de juro suba para 4,5%, com implicações nas prestações dos créditos à habitação.
A subida da
taxa de referência tem consequência nas taxas Euribor, que servem de referência
à maioria dos créditos à habitação. Segundo o INE a taxa de juro implícita no
conjunto dos contratos de crédito à habitação atingiu, em Agosto, 4,089%, o
valor mais elevado desde 2009. Os mesmos dados mostram que, desde Junho, o
valor dos juros é superior ao capital amortizado e representa mais de metade da
prestação.
Considerando
a totalidade dos contratos, o valor médio da prestação mensal fixou-se em 379
euros em agosto, mais 9 euros que no mês anterior e mais 111 euros que em
agosto de 2022 (aumento de 41,4%). Deste valor, 216 euros (57%) correspondem a
pagamento de juros e 163 euros (43%) a capital amortizado (ver gráfico)
Inflação continua a ser o motivo da
subida dos juros
A inflação já
está a descer, mas ainda se espera que permaneça demasiado elevada durante
demasiado tempo, justifica o comunicado distribuído pelo BCE. As projecções
macroeconómicas de Setembro para a área do euro, elaboradas por especialistas
do BCE, indicam uma inflação média de 5,6% em 2023, 3,2% em 2024 e 2,1% em
2025.
A autoridade
monetária da Zona Euro, liderada por Christine Lagarde, justifica que a revisão
em alta da inflação em relação a 2023 e 2024 reflecte uma trajectória mais
elevada para os preços dos produtos energéticos e as pressões subjacentes sobre
os preços permanecem altas, embora a maioria dos indicadores tenha começado a
abrandar.
O BCE
considera também que as condições de financiamento tornaram-se mais restritivas
e estão a refrear cada vez mais a procura, o que constitui um importante factor
para fazer a inflação regressar ao objectivo. O efeito desta dinâmica é
espelhado por um maior enfraquecimento do enquadramento do comércio internacional,
que levou os especialistas do BCE a reduzirem significativamente as suas
projecções para o crescimento económico. O BCE espera agora que economia do
espaço do euro cresça apenas 0,7% em 2023, 1,0% em 2024 e 1,5% em 2025.
BCE perspectiva que não haverá mais
subidas
A boa notícia
é que, pela primeira vez, o BCE abre também a porta a que o ciclo de subidas
das taxas de juro que se iniciou em Julho do ano passado tenha chegado ao fim.
Com base na sua actual avaliação, o conselho do BCE considera que as taxas de
juro directoras atingiram os níveis que – se forem mantidos durante um período
suficientemente longo – darão um contributo substancial para o retorno da
inflação aos valores traçados como objectivo.
Governo aprova redução de 30%
O Conselho de
Ministros do governo português aprovou, na passada quinta feira, uma medida
para reduzir as prestações da casa durante dois anos e o reforço dos apoios às
famílias mais pressionadas pela subida dos juros. O diploma refere que as
famílias pagarão apenas 70% da Euribor durante dois anos mas terão de pagar
mais tarde os juros que agora ficarem por pagar.
A redução
será de 30% na taxa Euribor o que, números redondos, corresponde a cerca de 70
euros mensais por cada 100 mil de empréstimo para um prazo de 30 anos.
Após
terminado o período de dois anos, a prestação voltará ao valor anterior em
função do indexante original do contrato. Só começará a pagar ao fim de quatro
anos. Conclusão: o cliente tem dois anos de moratória e quatro anos de carência
sobre os juros descontados.
Têm surgido
críticas relativamente a esta medida, afirmando-se que, no final, a banca
ficará a ganhar.
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