A Universidade dos Açores poderá ter falhado na sua missão de apoiar o desenvolvimento dos Açores, quando comparada com outras instituições nacionais. Um exemplo é a utilização de erva na alimentação do gado, uma aposta da investigação universitária açoriana que não vingou. A lavoura está hoje afogada com concentrados que só degredam os resultados económicos das explorações.
Um estudo da Fundação Calouste Gulbenkian mostra que na Região Centro de Portugal as três universidades e os vários institutos tecnológicos e instituições de investigação existentes têm uma grande ligação às empresas, fazendo deste território um importante espaço de inovação, com a aplicação e utilização desse conhecimento nos processos de desenvolvimento económico.
O estudo explica como a ligação entre o mundo empresarial e as várias instituições de ensino têm contribuído para transformação da Região Centro do país, com bons resultados económicos e com efeitos visíveis no desemprego.
Perante os dados expostos, é pertinente perguntar se a Universidade dos Açores terá dado um contributo semelhante ao desenvolvimento e inovação nas ilhas.
RETRATO DA REGIÃO CENTRO
O estudo da Fundação Calouste Gulbenkian, refere a 2017, aplicado à Região Centro, mostra - entre muitos aspetos - a ligação entre o mundo empresarial e as várias instituições de ensino, entre os quais a Universidade de Coimbra, a Universidade de Aveiro e a Universidade da Beira Interior - três universidades públicas - e vários institutos, designadamente o Instituto Politécnico de Coimbra, a Escola Superior de Enfermagem, o Instituto Técnico de Castelo Branco, o Instituto Técnico de Leiria, o Instituto Politécnico da Guarda e o Instituto Politécnico de Viseu.
Nesse estudo aborda-se, entre outros aspetos, a ligação entre o ensino superior, a investigação e os ecossistemas de inovação.
Verifica-se que é um importante contributo que a Região Centro dá ao País em termos de formação superior, incidindo particularmente na área das ciências exatas e naturais, tais como engenharias, áreas de formação particularmente relevantes para a modernização do tecido produtivo da Região e do País.
O conjunto das três universidades públicas, agregando os principais Institutos, Centros e Laboratórios de Investigação, desenvolveu competências que constituem uma importante componente para o desenvolvimento da Região. Com frequência se veem notícias de trabalhos de investigação desses estabelecimentos de ensino reconhecidos no estrangeiro bem como produtos inovadores desenvolvidos, em particular nas áreas da tecnologia e da informática, de igual modo, com interesse por outros países.
De acordo com o estudo da Gulbenkian, a Região Centro conta com um conjunto de infraestruturas de apoio e desenvolvimento tecnológico que desenvolve um papel fundamental de suporte e promoção da competitividade das áreas produtivas a que respeitam. Para além dos centros ligados às universidades, destaca-se um conjunto de centros de apoio e desenvolvimento tecnológico em domínios vários (cerâmica e vidro, moldes e ferramentas especiais, têxteis e vestuário, telecomunicações, biomassa para a energia, computação gráfica, entre outras). De entre as entidades desta natureza ligadas à universidade destaca-se, pela sua natureza e expressão, o Instituto Pedro Nunes.
Para a realização do estudo em causa foi feita uma análise da rede de 344 projetos, com o envolvimento de um total de 594 organizações (58% do total das organizações do todo nacional - ver quadro).
Segundo o INE, a Região Centro regista a taxa de desemprego mais baixa do país, um fenómeno que se verifica há vários anos e que pode, de igual modo, ser atribuído a essa forte relação das universidades e centros de investigação, às empresas da Região.