sábado, 17 de abril de 2021

Indicador de Atividade Económica (IAE) - fevereiro de 2021


 O IAE- Açores é um indicador compósito coincidente, construído para acompanhar a evolução do estado geral da economia regional no curto prazo, a partir de séries de referência escolhidas como proxy da atividade económica regional. As séries utilizadas na construção deste Indicador são: “Leite entregue nas fábricas”, “Gado Abatido”, "Pesca Descarregada”, “Produção de Energia”, “Produção de Produtos Lácteos”, “Consumo de Energia na Indústria”, “Venda de Cimento”, “Empregados na Construção Civil”, “Passageiros Desembarcados Via Aérea”, “Dormidas na HT, TER e AL”, “Empréstimos Bancários”, “Operações TPA” e “Levantamentos Multibanco”.

 

Segundo o SREA, os dados apresentados neste Destaque são valores ajustados da sazonalidade, calibrados pela variação do PIB e alisados pelo método de médias móveis de 3 meses.


        Ainda segundo o SREA, o IAE não pretende medir a variação infra-anual do PIB, mas sim retratar o estado geral da economia. Assim, dever-se-á reter, sobretudo, informação sobre a evolução em termos de acelerações, desacelerações e pontos de viragem e não o seu valor. 


 

sábado, 3 de abril de 2021

Que influência tem a Universidade dos Açores?


Inovação académica não muito útil...

(Publicado no Diário Insular de 02 de Abril de2021)


A Universidade dos Açores poderá ter falhado na sua missão de apoiar o desenvolvimento dos Açores, quando comparada com outras instituições nacionais. Um exemplo é a utilização de erva na alimentação do gado, uma aposta da investigação universitária açoriana que não vingou. A lavoura está hoje afogada com concentrados que só degredam os resultados económicos das explorações.


    

 Um estudo da Fundação Calouste Gulbenkian mostra que na Região Centro de Portugal as três universidades e os vários institutos tecnológicos e instituições de investigação existentes têm uma grande ligação às empresas, fazendo deste território um importante espaço de inovação, com a aplicação e utilização desse conhecimento nos processos de desenvolvimento económico.

O estudo explica como a ligação entre o mundo empresarial e as várias instituições de ensino têm contribuído para transformação da Região Centro do país, com bons resultados económicos e com efeitos visíveis no desemprego.
Perante os dados expostos, é pertinente perguntar se a Universidade dos Açores terá dado um contributo semelhante ao desenvolvimento e inovação nas ilhas.

RETRATO DA REGIÃO CENTRO

O estudo da Fundação Calouste Gulbenkian, refere a 2017, aplicado à Região Centro, mostra - entre muitos aspetos - a ligação entre o mundo empresarial e as várias instituições de ensino, entre os quais a Universidade de Coimbra, a Universidade de Aveiro e a Universidade da Beira Interior - três universidades públicas - e vários institutos, designadamente o Instituto Politécnico de Coimbra, a Escola Superior de Enfermagem, o Instituto Técnico de Castelo Branco, o Instituto Técnico de Leiria, o Instituto Politécnico da Guarda e o Instituto Politécnico de Viseu.
Nesse estudo aborda-se, entre outros aspetos, a ligação entre o ensino superior, a investigação e os ecossistemas de inovação.
            Verifica-se que é um importante contributo que a Região Centro dá ao País em termos de formação superior, incidindo particularmente na área das ciências exatas e naturais, tais como engenharias, áreas de formação particularmente relevantes para a modernização do tecido produtivo da Região e do País.
O conjunto das três universidades públicas, agregando os principais Institutos, Centros e Laboratórios de Investigação, desenvolveu competências que constituem uma importante componente para o desenvolvimento da Região. Com frequência se veem notícias de trabalhos de investigação desses estabelecimentos de ensino reconhecidos no estrangeiro bem como produtos inovadores desenvolvidos, em particular nas áreas da tecnologia e da informática, de igual modo, com interesse por outros países.

De acordo com o estudo da Gulbenkian, a Região Centro conta com um conjunto de infraestruturas de apoio e desenvolvimento tecnológico que desenvolve um papel fundamental de suporte e promoção da competitividade das áreas produtivas a que respeitam. Para além dos centros ligados às universidades, destaca-se um conjunto de centros de apoio e desenvolvimento tecnológico em domínios vários (cerâmica e vidro, moldes e ferramentas especiais, têxteis e vestuário, telecomunicações, biomassa para a energia, computação gráfica, entre outras). De entre as entidades desta natureza ligadas à universidade destaca-se, pela sua natureza e expressão, o Instituto Pedro Nunes.

Para a realização do estudo em causa foi feita uma análise da rede de 344 projetos, com o envolvimento de um total de 594 organizações (58% do total das organizações do todo nacional - ver quadro).
Segundo o INE, a Região Centro regista a taxa de desemprego mais baixa do país, um fenómeno que se verifica há vários anos e que pode, de igual modo, ser atribuído a essa forte relação das universidades e centros de investigação, às empresas da Região.




Que influência terá tido
a Universidade dos Açores?

Existem áreas onde é clara a importância do ensino superior na expansão do conhecimento no arquipélago. Por exemplo, nas ciências da educação, nas ciências do mar e em vários setores ligados à zoologia e à botânica.
Mas há quem considere que a universidade açoriana não teve o papel que poderia ter na área da agricultura, em particular na agropecuária, principal suporte do setor primário e da riqueza das ilhas.
As especiais condições edafoclimáticas das ilhas - repetidamente evocadas por políticos e representantes da lavoura - para produção de leite e carne à base de erva talvez não tenham sido tão aproveitadas como se esperava.
A Universidade chegou a fazer estudos sobre as ervas com maior rendimento e que melhor serviriam essa produção, face às novas exigências dos mercados verdes e de natureza, mas muitos lavradores acabaram por recorrer às rações, levados pela tentação de uma maior produção.

Hoje, verifica-se, pelas contas da RITA (Rede de Informação e Contabilidade Agrícola), que muitos lavradores estão a utilizar concentrados em quantidades que não são economicamente rentáveis, porventura alguns estarão mesmo a ter prejuízo e essa prática estará a criar maiores dificuldades ao setor já a braços com os preços de mercado, em função da concorrência e da enorme produção de alguns países, inclusive da União Europeia.

A escolha do Prof. José Matos para presidir ao conselho científico para inovação agroalimentar - opção muito adequada e bastante elogiada - pode ajudar a incentivar algumas mudanças. O Professor José Matos foi, de resto, um dos académicos que, desde há muito, se bateram por alterações no setor, em declarações públicas e em conferências.
É hoje indiscutível que o papel das Universidades é um elemento essencial como polo de dinamização da economia, através da investigação, do melhoramento dos produtos e da criação de novas ideias.
A Região Centro é um bom exemplo, de acordo com o estudo da Fundação Calouste Gulbenkian. Será que a Universidade dos Açores foi importante para a dinamização da Região ou terá faltado imaginação ou - porventura - vontade política em colocar novas ideias no terreno, designadamente nas áreas chave como a produção de leite e carne?

Rafael Cota

 

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