domingo, 29 de abril de 2018

Taxa de juro no crédito à habitação

A taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito à habitação fixou-se, em Março em 1,025%. A prestação média vencida manteve-se em 239 euros.

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Transportes Aéreos (actualizado)


Quebra na Construção Civil prejudica economia e tem graves consequências sociais


Publicado no "Diário dos Açores" em 11 de abril de 2018


A construção civil nos Açores, que estará em debate, dia 13, por iniciativa da Ordem dos Engenheiros da Região Autónoma dos Açores, registou uma das quebras mais acentuadas, nos últimos tempos, com reflexos na economia e consequências sociais nas famílias de menores recursos.
Se olharmos para os números podemos ver que a construção já chegou a empregar cerca de 20 mil pessoas, estando neste momento com pouco mais de sete mil, depois de uma ligeira subida, com o desagravar da crise. Mas é nos números referentes aos Valor Acrescentado Bruto, que esta quebra é mais visível, uma vez que chegou a representar 8,7 % do total do VAB dos Açores e hoje está 3,6%, ou seja cerca de um terço.
Uma parte desta quebra é, sem dúvida, consequência da crise, que afetou o país e a região, mas há quem seja de opinião que existem causas de natureza administrativa e política que contribuíram, de igual modo, para que este decréscimo.
A construção civil não tem efeitos apenas na economia, tem também reflexos nos sectores sociais mais débeis de onde saem muitos dos trabalhadores, com consequências no agravamento das situações de pobreza.
Muitos dos trabalhadores que ficaram desempregados por força da diminuição da atividade da construção e do consequente encerramento de empresas foram compensados pelo subsídio de desemprego e pelo rendimento social de inserção, garantido de algum modo a subsistência das famílias. Mas, é diferente viver de subsídios ou ter um trabalho.
Essa terá sido uma das causas que contribui para o facto de os Açores serem a região do país com maior taxa de beneficiários do RSI. Em finais de 2017, no conjunto do arquipélago, 11.649 indivíduos recebiam Rendimento Social de Inserção, sendo a maior parte nos concelhos de S. Miguel, com valores entre 10 e 13%, em particular no concelho da Ribeira Grande com 20%, pela situação de Rabo de Peixe.
O presidente da Junta de Freguesia de Rabo de Peixe, Jaime Vieira, reconheceu, em declarações ao Diário de Notícias de Lisboa que “o desemprego que se tem vindo a acentuar, devido à crise na construção civil e à perda de rendimentos na pesca constituem dois dos fatores que levam a um maior número de beneficiários”.
Hoje, é bem evidente que a quebra na construção civil é responsável por muito do desemprego que é sentido de

modo particular nas localidades mais desfavorecidas.
Muitos se interrogam sobre as causas desta situação. Naturalmente que a crise e as dificuldades da banca em conceder crédito à habitação são a causa mais evidente, que atravessou, de resto, todo o país.
Mas, o facto é que esta descida começou antes da crise e apesar de se notar uma ligeira recuperação na população empregada e na venda de cimento, não é ainda visível na criação de riqueza nem alterou o Valor Acrescentado Bruto, sentes sector.
Os empresários queixam-se de duas situações. Por um lado, a sugestão de privilegiar as empresas regionais nunca teve o devido eco nos departamentos governamentais nem nas autarquias, e a própria Associação representativa dos empresários quase não se ouviu.
Mas, para os empresários, o mais grave foi o lançamento de projetos com valores muito baixos, quase ao preço do custo, obrigando os empresários a aceitarem as empreitadas para manterem as empresas em funcionamento, mas as pequenas empresas, que faziam subempreitadas, essas não conseguiram sobreviver a esse esmagar dos preços e levaram muitos trabalhadores ao desemprego.
Ao que se diz os departamentos governamentais e as câmaras estariam a tentar com “essa economia” fazer mais obras. Podem até ter construído mais uns metros de estrada, mas isso contribuiu para uma maior perturbação social em várias ilhas.


Texto e gráficos de Rafael Cota, para Diário dos Açores

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