sexta-feira, 9 de março de 2018

PIB dos Açores cresce mas afasta-se da média nacional e europeia

Publicado no "Diário dos Açores" de 09 de Março de 2018 


O PIB dos Açores, registou um crescimento de 1,8% em volume, no ano de 2017, um valor superior ao registado nos anos anterior que foi de 1,6%, mas inferior à média nacional que chegou aos 2,7%
O crescimento do PIB nos Açores tem a ver com o aumento verificado na maioria dos indicadores ao longo do ano de 2017. O licenciamento de obras, cresceu cerca de 6,7 por cento, a venda de cimento (22,2 por cento), a pesca descarregada (10,7 por cento), a venda de automóveis novos (7,3 por cento) e o turismo registou um crescimento de 18,5 por cento, com significativos incrementos nos setores associados. Até a construção apresentou um ligeiro crescimento e pode, ainda, juntar-se, no capítulo dos resultados positivos, as exportações que aumentaram 8,8%.
Registaram-se quebras apenas no abate de bovinos, suínos e aves que se refletiu no comércio com o exterior.
A nível nacional o PIB, em 2017, cresceu de 2,7%, portanto um valor superior em 0,9 pontos percentuais relativamente ao arquipélago. O crescimento a nível nacional ficou, fundamentalmente, a dever-se, segundo o INE, ao aumento das exportações e ao crescimento da procura interna.
Vendo o gráfico da evolução homóloga do crescimento do PIB nos Açores e a nível nacional, verifica-se que as curvas têm andado muito próximas, ao longo dos anos e em alguns momentos com os Açores a apresentar valores superiores ao nacional.
Todavia os aumentos que se têm verificado a nível regional e o desempenho favorável de alguns sectores, não têm sido suficientes para acompanhar o ritmo do país e nesse sentido, o PIB dos Açores que já foi de 91% da média nacional, em 2009, 2010 e 2011, em vez de se aproximar, foi diminuindo e em 2016 – últimos dados conhecidos -- estava nos 89%. O mesmo acontece na comparação com a média europeia que chegou a ser de 74% e em 2016 estava em 69%.
Os valores agora divulgados relativos a 2017 mostram que esta diferença vai, certamente, permanecer.
Este afastamento tem a ver, em muitos casos com fatores que não dependem da política regional, como é o caso da carne e dos lacticínios, que cada vez mais têm maior dificuldade de competir com outros países ou das pescas, que dependem da natureza.
No caso do turismo com um crescimento muito significativo e fazendo crescer muitos sectores associados, também não tem tido grandes efeitos, porque os vencimentos são muito reduzidos e isso tem influência na  valor acrescentado que o sector poderia representar.
Segundo cálculos do INE, o salário médio líquido pago pelas atividades de alojamento, restauração e similares, a nível nacional, no ano passado, não foi além dos 632 euros. É natural que situação semelhante se passe a nível dos Açores.
Esta onda de turismo deve ser aproveitada pelos empresários como uma oportunidade, sem exploração para os turistas, para não criar imagens negativas, nem para os funcionários para que o sector possa progredir com qualidade.
Outro sector a apostar é o da indústria, “deixando o chavão redundante da qualidade”, mas também apostando também em quantidade que tenha uma dimensão crítica – porque qualidade é já uma exigência de princípio em qualquer mercado – e que traga mais valor acrescentado, quer no consumo local quer nas exportações que têm dado bons resultados a nível nacional.
A procura de produtos locais também pode ser estimulada, quer nos habitantes, quer na restauração, porque servir produtos regionais aos turistas é uma forma de exportação, que pode permitir volumes e ganhos mais significativos a quem se dedica à produção e dar dimensão a empresas de outros sectores.
E neste particular as políticas governamentais são determinantes. 

quinta-feira, 1 de março de 2018

Só o Turismo está a criar empregos



Só o turismo continua a criar empregos

Os dados da população empregada distribuídos pelo Serviço Regional de Estatística, mostram que, praticamente, só o sector do turismo está a criar empregos e consequentemente a contribuir de forma mais evidente para o aumento da população empregada.
Conforme se pode verificar no gráfico, o conjunto da administração pública que inclui a saúde e a educação tem vindo perder lugares, nos últimos trimestres, e a indústria e a construção mantêm, de um modo geral, a tendência decrescente, embora com ligeiras recuperações em alguns trimestres.
A construção é o sector onde mais se tem notado esta curva descendente e o sector que mais se ressentiu com a crise.
Até agora os valores da população empregada estiveram sempre cobertos pela administração pública que se tornou um suporte nos momentos de crise, assim como a agricultura que era o tampão em determinados sectores da população.
Mas a Administração Pública, desde o início de 2017, tem vindo a diminuir o número de postos de trabalho e a agricultura já não tem a margem de manobra que tinha.
Nos dados agora divulgados, verifica-se que, no 4º Trimestre de 2017, se registou uma descida do total da população empregada -- que apresentava um crescimento desde 2013 – uma diminuição que veio a refletir-se na subida da taxa de desemprego que neste último trimestre apresentou uma ligeira subida de 8,2% para 8,3%.

Se nuns casos a quebra da população empregada ou a dificuldade de criação de empregos, em alguns sectores tem origem em causas externas, como foi a crise financeira ou os preços de matérias-primas, que estrangularam as margens de lucro, como aconteceu com a agricultura, ou em consequências de causas naturais como é o caso das pescas, noutros, dizem os especialistas, poderia ter havido alguma intervenção política.
É o caso da indústria que poderia ter beneficiado de incentivos bem mais sólidos para se fixarem e poderem promover os seus produtos noutros mercados.
Outro sector que poderia ter sido acalentado é o da construção. Dizem os empresários que nunca foram seguidas as orientações no sentido de dar maior atenção às empresas regionais e noutros casos os cadernos de encargos apresentavam valores demasiado baixos que se refletiam de forma mais dura nas pequenas empresas que faziam subempreitadas. Muitas acabaram por fechar portas.