sábado, 18 de fevereiro de 2023

Censos 2021 - População Empregada



Publicado no "Diário Insular" e Diário dos Açores"








Censos 2021 indicam menos cinco mil

pessoas empregadas nos Açores

 

Os resultados definitivos dos censos 2021 apresentavam, à data da sua realização, menos cerca de 5000 pessoas empregadas do que o Inquérito ao Emprego, na mesma altura, ao mesmo tempo que  indicavam mais 2500 pessoas na indústria e construção e menos 6700 empregados no sector dos serviços.

Essa diferença, que depois em termos percentuais não é tão significativa, resulta do método utilizado. Enquanto o Inquérito ao Emprego é feito a partir de uma amostra da população, seguindo metodologia adequada, que permite obter valores bastante aproximados e com um grau de confiança significativo, no caso dos censos, as entrevistas são feitas ao total da população, permitindo um quadro mais exato relativamente ao mercado do trabalho.

Os censos visam exatamente mostrar um vasto conjunto de dados estatísticos oficiais que permitem melhorar o conhecimento do país, através da caracterização da população e do respetivo parque habitacional, designadamente no que se refere à população empregada em números, em sexo e nas funções exatas que desempenham.

 

Quase metade dos empregados são mulheres

 

No caso do emprego podemos ver que, à data da sua realização, existia, nos Açores, uma população empregada de 105 396 indivíduos, sendo 55.469 indivíduos do sexo masculino e 49 927 do sexo feminino, bem diferente da situação que registava em décadas anteriores.

Verifica-se que a administração pública é o sector que emprega mais gente, no total 16 138 cidadãos, totalizando cerca de 38 mil, se considerarmos o conjunto da administração pública, educação, saúde humana e apoio social.

Segue-se o sector dos serviços que engloba atividades relacionadas com o comércio por grosso e a retalho, armazenagem, atividades da rádio e da televisão, publicidade, programação informática, intermediação monetária, seguros, atividades imobiliárias, consultoria de negócios e gestão, atividades veterinárias, agências de viagem, aluguer de automóveis e serviços de limpeza. Estão, ainda, incluídos neste sector o turismo e empresas relacionadas.

Por sectores de atividade o sector primário representa 7% do mercado do trabalho, o secundário, que inclui a indústria e construção, 16% e o terciário, a maior fatia, com 77%.

Estes dados, permitem ainda conhecer alguns aspetos particulares, relativamente ao mercado de trabalho. Por exemplo, na rádio trabalham 46 pessoas, sendo 24 homens e 22 mulheres, a televisão emprega 109 funcionários, sendo 42 mulheres e 67 homens.

Na pesca trabalham 1146 homens e 146 mulheres, que ajudam normalmente nos preparativos em terra, nos restaurantes trabalham 1164 homens e 1835 mulheres, no transporte aéreo 682 homens e 466 mulheres e nas agências de viagem 207 homens e 307 mulheres.

 

Conhecer o país real

 

Os censos, realizados de 10 em 10 anos, visam recolher dados estatísticos que permitem melhorar o conhecimento do país, através da caracterização da população e do respetivo parque habitacional.

Os censos 2021 foram feitos, na maior parte, através de suporte informático, tendo algumas entrevistas sido realizadas já em 2022, mas os dados reportam-se a 19 de Abril de 2021, data definida como momento censitário. Os principais dados definitivos foram apresentados em 23 de Novembro de 2022, tendo alguns estudos particulares sido divulgados mais tarde. É o caso de uma análise da população nacional estrangeira que foi divulgada a 19 de Dezembro de 2022 e um estudo das estruturas familiares, caracterizando os agregados domésticos privados, que foi apresentado a 24 de Janeiro de 2023.

Em 8 de Fevereiro foi divulgada uma publicação sobre o parque habitacional nas suas diversas dimensões, nomeadamente ao nível das características dos edifícios e dos alojamentos, das necessidades de reparação, da forma de ocupação, regime de propriedade e dos encargos com a habitação.


 

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Desemprego


Taxa de desemprego nos Açores com valores favoráveis
A taxa de desemprego nos Açores fixou-se em 5,5%, menos 0,5 p.p. relativamente ao trimestre anterior e menos 2,7
p.p. face ao trimestre homólogo.
Trata-se de um valor inferior à média nacional (menos 1 pp). Com valor igual aos Açores está o Alentejo e inferior apenas a Região Centro.
A nível nacional a taxa de desemprego foi estimada em 6,5%, valor superior em 0,7 pontos percentuais (p.p.) ao do 3.º trimestre de 2022 e em 0,2 p.p. ao do 4.º trimestre de 2021.


 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Taxas de juro continuam a subir

    • Juros sobem em flecha e arrastam prestação da casa

       

      As taxas de juro que servem de base ao cálculo da prestação do crédito à habitação estão a subir há mais de um ano. E estão a fazê-lo a uma velocidade nunca antes vista.  A Euribor a 12 meses, por exemplo, passou de valores negativos até março para estar hoje a negociar acima dos 3,3%.

      A principal causa desta situação é a subida da taxa de inflação na zona euro, que obrigou o Banco Central Europeu (BCE) a subir as taxas de juro, levando as instituições de crédito a actualizarem as prestações.

      Em Dezembro de 2022 o valor da taxa de juro implícita no crédito à habitação atingiu os 1,898%, fazendo com que o valor médio no total dos empréstimos esteja agora nos 299 euros. Desde o início do ano passado, a história tem sido sempre esta e se a Euribor a três meses já aumentou quase dois pontos percentuais, a Euribor a seis meses, a mais utilizada no crédito à habitação em Portugal, já leva uma subida de mais de 2,5 pontos percentuais. A mesma taxa, a 12 meses, aumentou mais de três pontos percentuais desde janeiro.

      Os valores apresentados no gráfico referem-se a valores médios, no conjunto dos empréstimos no total do país. Simulações feitas, no mês de Novembro referentes a casos concretos, utilizando exemplos para a Euribor a 6 meses, a 30 anos, pode ver-se que, numa prestação de 100 mil euros, estando a pagar à volta de 307 euros vai passar a pagar aproximadamente 421 euros, o que corresponde a um aumento de cerca de 114 euros.

      Para um empréstimo de 150 mil euros, estando a pagar 461 euros, passará para 632 euros o que representa um aumento de 170 euros.

      Noutro exemplo, mais recente, apresentado pelo jornal online “ECO”, pode ver-se que um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos, indexado à taxa Euribor a 12 meses com um spread de 1,2%, apresentava uma prestação de 462 euros em janeiro do ano passado e hoje, após a revisão da taxa de juro no final de dezembro, a prestação subiu 59%, para 736 euros.

      Estes exemplos são apenas indicativos, uma vez que existem diversas variantes, designadamente a taxa de esforço e regras definidas pela instituição bancária.

      Como se vê no gráfico relativo aos valores médios, os bancos estão a diminuir o capital amortizado e a aumentar os juros, para amenizar o total das prestações.

       

      Acesso ao crédito mais difícil

       

      O acesso ao crédito torna-se mais difícil nestas condições, já que, quanto maior for a subida das taxas de juro, menor será o montante que os bancos estão autorizados a emprestar aos consumidores. Ou seja, com o aumento do valor dos juros, a prestação para um mesmo nível de financiamento sobe, o que significa que o seu peso sobre o rendimento mensal dessa família será superior. Como, desde 2018, os bancos devem garantir que, no momento da concessão do crédito, a taxa de esforço das famílias não ultrapasse os 50% do seu rendimento, com o aumento das taxas de juro, respeitar este limite implica diminuir o montante financiado.

       

      Renegociar o crédito

      Segundo os economistas que se dedicam a estas questões para mitigar o impacto da subida das taxas de juro, as famílias podem tentar renegociar o crédito à habitação junto do banco através de uma revisão do spread e dos seguros, optar pelo diferimento do capital e/ou alongar a maturidade do contrato.

      Mas, dizem, nenhuma solução tem maior impacto no bolso que a amortização da dívida. Uma amortização de 20 mil euros num empréstimo de 150 mil, significaria uma imediata redução de 98 euros na prestação mensal da casa.

       

      BCE poderá voltar a aumentar os juros

      Segundo um estudo da Economist Intelligence Unit (EIU), divulgado esta semana e publicado no jornal “Dinheiro Vivo”, o aperto monetário em curso pode despoletar uma nova vaga de stress financeiro, com contágio a vários países do sul da Europa, em concreto "os mais endividados".

      Segundo os especialistas, o BCE, que é presidido por Christine Lagarde deve, quase de certeza, aumentar novamente taxas de juro na reunião do dia 2.

      Portugal nunca é referido directamente no estudo. Ultimamente, o país tem sido algo elogiado por estar a conseguir reduzir o défice e a dívida pública, ao mesmo tempo que tem mostrado alguma resistência contra os efeitos da crise inflacionista e energética.



      Publicado no "Diário Insular" e "Diário dos Açores" 

      1 de Fev 2023