(Publicado no "Diário Insular" de 13 de Abril e no " Diário dos Açores" de 14 de Abril)
O
valor Acrescentado Bruto cresceu 1,9 pontos percentuais no sector do turismo,
entre 2015 e 2019 (antes da pandemia) e desceu um ponto percentual na
agricultura e pescas no mesmo período, reafirmando a importância que a
atividade turística desencadeou na economia da Região..
O
período entre 2015 e 2019 corresponde à expansão do turismo, altura em que se
registavam crescimentos nas dormidas superiores a 20%, com repercussões nos
serviços e na criação de empresas, direta ou indiretamente, ligadas ao sector.
Naturalmente
que este crescimento será afetado, nos anos seguintes, pelos efeitos da
pandemia, dados que só conheceremos mais tarde, uma vez que os indicadores
referentes ao Valor Acrescentado Bruto demoram algum tempo a elaborar, uma vez
que dependem de diversos indicadores e são normalmente divulgados com diferença
de um ano no caso dos dados preliminares e de dois a três anos nos dados
definitivos. Veja-se que, só agora foram divulgados os números definitivos
referentes a 2019.
Muito
provavelmente verificar-se-á uma quebra em 2020 e 2021 mas, tendo em conta que
no final de 2021 já se registaram acréscimos significativos nas dormidas e
acreditando-se que o corrente ano será um ano de retoma, é natural que o Valor
Acrescentado Bruto volte a mostrar algum recuperação ou até uma nova dinâmica.
Efeitos
positivos mas inseguros
Os
valores disponibilizados pelo INE confirmam que o turismo tem efeitos positivos
na economia e também não restam dúvidas que se trata de uma atividade que
dinamiza muitas áreas.
Todavia,
a pandemia veio demonstrar que se trata de um sector muito sensível, de tal
modo que de um momento para o outro a atividade que estava dinamizando uma boa
parte da economia, paralisou com graves efeitos em termos económicos e sociais.
Os
economistas lembram que o boom do turismo nos Açores resultou, em grande parte,
do receio de viajar para o Mediterrâneo, sobretudo o Norte de Africa, onde
existem verdadeiros paraísos de turismo a preços muito atrativos. Também foram
importantes as referências nas telenovelas e nos anúncios da projeção da
natureza que hoje é hoje um fator com grande eco na decisão das pessoas e atrai
muita gente. O anúncio das “vacas felizes” é um dos bons exemplos da projeção
da natureza dos Açores que, segundo os entendidos na matéria, será no futuro o
grande atrativo do arquipélago.
É
provável que a guerra na Ucrânia volte a levar as pessoas a optarem por lugares
mais longe do conflito, voltando os Açores a ser procurados, a não ser que o
conflito dure demasiado tempo e provoque efeitos graves nas economias
familiares. Isso confirmará a tese de que o turismo é um valioso motor da
economia, mas apresenta fragilidades difíceis de ultrapassar, sobretudo se se
estão em causa investimentos avultados.
Agricultura
com piores resultados
Como
já esperava a agricultura registou, no mesmo espaço de tempo (2015 a 2019), um
decréscimo, que deverá ter a ver com as dificuldades que o sector apresenta
face ao aumento dos fatores de produção, sem o correspondente aumento do preço
do leite e dos seus derivados, acrescido de uma enorme concorrência de muitos
países das Europa.
Embora
em termos absolutos, a Agricultura e Pescas tenha representado, em 2019,
sensivelmente o mesmo volume que o turismo, será sempre um sector sólido,
aproveitando as condições favoráveis das ilhas para a produção de erva.
Precisa, naturalmente, de alguma reordenação no maneio, já por diversas vezes
defendida, de modo a depender menos de fatores externos.
As
pescas também têm registado diminuições no valor acrescentado, com a quebra das
capturas, em particular do atum e com repercussão na indústria das conservas
que também registou um decréscimo.
Economia
dos Açores suportada pelos serviços públicos
Olhando
o gráfico podemos ver que a maior volume do VAB nos Açores provém dos serviço,
tendo à cabeça as atividades imobiliárias, seguindo-se a administração pública
e o comércio e serviços. Se juntarmos todo o sector publico, incluindo a
administração pública, a educação e a saúde, pode ver-se que só estes três
setores representam um quarto do Valor Acrescentado Bruto da Região.
Em
2019, no total, o VAB foi de 3 883 milhões de euros o que representa 2,5% do
total do país, valor superior à proporção da população. Os Açores têm, segundo
o censos de 2021, 236 657 habitantes, enquanto o país tem 10 344 802
habitantes, ou seja a população dos Açores representa 2,3% do total da
população. Podemos concluir que, nesta matéria, os Açores estão em vantagem.
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