quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Produção de leite e carne

(Publicado no "Diário dos Açores" de 05 de Janeiro de 2022

Produção de leite diminuiu

a favor da produção de carne

 

A queda constante das receitas na produção de leite e as preocupações com a aplicação de multas impostas pela indústria, face à ultrapassagem dos direitos de produção, levou muitos lavradores a trocarem o leite pela carne.

Em finais de 2021, o governo regional criou incentivos para promover essa mudança, de modo a que os lavradores consigam melhores rendimentos. Várias dezenas de agricultores aderiram ao programa e o resultado é já visível.

Em 2022, de Janeiro a Outubro, a entrega de leite nas fábricas registou, no total, uma redução de 42 milhões de litros de leite (-6%) enquanto a quantidade de carne abatida nos matadouros dos Açores apresentou um crescimento de 11%.

 

Lacticínios rendem menos 10%

 

A comercialização dos lacticínios dos Açores, no mercado local, no continente – para onde se dirige a maior parte da produção – e na Madeira, rende à volta de 350 milhões de euros, dados de 2021. Este valor refere-se à comercialização de leite, queijo, manteiga e leite em pó, sendo que só a produção queijo representa cerca de 139 milhões de euros. Em 2022, face à redução da produção, prevê-se uma diminuição do valor na comercialização de cerca de 10%, o equivalente a 27 milhões de euros.

No respeitante à carne, não existem dados referentes ao valor da comercializada no mercado local e do continente mas existem números relativos à quantidade de abates, podendo ver-se que em 2022 a produção de carne registou um crescimento de 11%, de Janeiro a Novembro, ou seja aproximadamente mais 1,6 mil toneladas.

 

Carne açoriana valorizada pelo factor natureza

 

A carne açoriana é valorizada junto do público por se tratar de uma carne produzida na natureza, fator que pesa cada vez mais na preferência dos consumidores preocupados com a utilização de produtos nocivos à saúde.

O secretário da Agricultura, António Ventura, disse em várias ocasiões, que o objetivo não era uma mudança da leite para a carne, mas sim que possa ter eco no setor da distribuição, e consequentemente “no aumento do preço do leite, uma vez que é incompreensível que um litro de leite seja mais barato do que um café ou do que uma garrafa de água”.

“A produção de carne na região tem potencial de crescimento e pode contribuir em muito para a recuperação da economia, mas não deverá substituir o setor do leite”, frisou António Ventura.




 

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