(Publicado no Diário Insular e no Diário dos Açores em 5 de Janeiro de 2021)
DADOS ESTATÍSTICOS APONTAM PARA APROXIMAÇÃO AO PAÍS E À EUROPA
PIB dos Açores a convergir
antes do tempo da pandemia
Os Açores estavam a convergir, embora pouco, com a Europa e também com o país. Com a pandemia, há setores muito afetados, entre eles o turismo, que vinha a revelar-se o motor da recuperação açoriana.
Em 2019, o Produto Interno Bruto (PIB) dos Açores registou uma taxa de crescimento real de 2,4%, superior à média nacional, que foi de 2,2%, de acordo com um trabalho de estatística feito para o DI pelo jornalista Rafael Cota.
Os valores referem-se a um período antes da pandemia, pelo que não expressam as previsíveis consequências que a crise daí resultante provocou em alguns setores, situação que só se vai perceber quando forem conhecidas as contas regionais relativas a 2020.
De acordo com Rafael Cota, é possível concluir que, pelos dados do ano de 2019 - antes da pandemia -, a economia do arquipélago apresentava uma curva ascendente, situação que se deve, entre outros fatores, ao efeito do turismo, que fez movimentar várias atividades, circular massa monetária e criou um impulso incentivador para outras atividades.
TURISMO A PUXAR
Um documento distribuído pelo Serviço Regional de Estatística dos Açores (SREA) e que Rafael Cota cita, refere que para o crescimento real do PIB dos Açores contribuíram significativamente os ramos do comércio, transportes e alojamento e restauração, que registou um crescimento do Valor Acrescentado Bruto (VAB) em volume de 6,5%, bem como o ramo da construção (+5,0%) e as atividades dos serviços prestados às empresas (+3,2%).
O valor do PIB dos Açores de 2019 é estimado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em 4.469 milhões de euros, com um crescimento nominal de 4,3%, superior à média nacional, que foi de 4,0%. O Algarve foi a região com a taxa mais alta: 4,4%.
CONVERGÊNCIA
O PIB per capita, como se vê nos gráficos, apresenta um valor de 18,4 mil euros, abaixo da Madeira e também abaixo da média nacional e de Lisboa, que se apresenta com um valor bastante superior. Com valores inferiores estão as regiões do Centro e do Norte.
Com estes dados, os Açores, em finais de 2019, estavam a 91% da média nacional, tendo convergindo um ponto percentual (p.p.) relativamente ao ano anterior (ver gráficos). O Algarve também convergiu um p.p., as regiões do Norte, Centro e Lisboa, mantiveram o índice de 2018, e a Madeira e o Alentejo divergiram um p.p.
Relativamente à Europa, no tocante ao PIB per capita em PPC (paridades de poder de compra), os Açores encontravam-se, no final de 2019, a 70% da média da EU28, convergindo 1,3 p.p., enquanto o país convergiu um p.p. Na comparação com a Europa, a taxa de evolução real do PIB dos Açores foi superior às taxas de crescimento das regiões do Alentejo, com 0,6%; da Madeira (0,8%); do Norte (2,2%), e do Centro (2,3%). O Algarve e Lisboa, ambas com 2,6%, foram as regiões com a taxa mais alta.
O QUE SE ESPERA EM 2020
De acordo com a análise de Rafael Cota, o ano de 2020 apresentará uma quebra, em consequência da crise provocada pela pandemia que afetou sobretudo o setor que constituiu o motor da subida em 2019: o turismo.
Os dados até agora conhecidos mostram uma acentuada diminuição no primeiro trimestre, embora, segundo o indicador da atividade económica, divulgado pelo SRES, verifica-se que houve um abrandamento significativo de março a junho, tendo, todavia, registado uma melhoria a partir de julho, mês em que voltou a subir, mantendo-se, no entanto, segundo os dados relativos a outubro, em valores negativos.
A retoma verificada teve a ver com setores como a função pública, principal alavanca do PIB nos Açores, a pecuária e até a construção e indústria, que antes vinham prendendo peso na economia e que mostram nestes tempos uma resposta positiva sobretudo porque se mantiveram em atividade, mesmo durante a pandemia.
Para Rafael Cota, as situações mais preocupantes, no corrente ano de 2021, serão o desemprego, uma vez que os últimos dados têm sido desvirtuados, face à metodologia utilizada pelo INE, e eventualmente o comércio interno e as exportações, visto que a pandemia fez criar nas pessoas uma preocupação de contenção de despesas.
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