quarta-feira, 19 de junho de 2019

Valor Acrescentado Bruto na Região

                                                          Publicado no Diário Insular de 19 de Junho de 2019

 O setor da administração pública foi o que mais contribuiu para o VAB (Valor Acrescentado Bruto) nos Açores, em 2016, num total superior a mil milhões de euros.
Este dado é indicado no blogue "Números e Números" (http://numerosenumeros.blogspot.com), de Rafael Cota, que teve em conta no cálculo os funcionários públicos em geral, da Saúde e também da Educação e apoiou-se nas últimas informações do INE (Instituto Nacional de Estatística).

O VAB é o resultado final da atividade produtiva no decurso de um determinado período. "Neste caso tem em conta a capacidade da utilização dos rendimentos resultantes dos vencimentos nos diferentes ramos da atividade, designadamente no comércio, restauração, cultura e entretenimento, entre outros", explica Rafael Cota.
Este indicador também pode ser descrito como aquele que possibilita comparar a produtividade e a evolução dos diferentes setores de atividade económica e corresponde ao valor que um sector acrescenta a matérias, produtos e serviços utilizados, através dos próprios processos de produção e marketing.
"Tendo em conta que o total do VAB, em 2016, foi da ordem dos 4,4 mil milhões de euros, pode dizer-se que um quarto da riqueza da Região é criado pelos vencimentos dos funcionários públicos", sublinha.
Logo a seguir (ver gráfico principal), surge a atividade imobiliária, que, no mesmo ano, registou um rendimento de 450 milhões de euros.
"A atividade imobiliária inclui, de acordo Classificação das Atividades Económicas Portuguesa (CAE), a compra, venda e arrendamento de bens imobiliários, a mediação e avaliação imobiliária, a administração de imóveis, as atividades das agências imobiliárias na intermediação da compra, venda e arrendamento, assim como a avaliação com vista à venda, compra ou arrendamento, executadas por conta de terceiros e as atividades de angariação", precisa o jornalista.
No terceiro lugar do pódio dos setores com maior valor acrescentado surgem o comércio por grosso e retalho (426,6 milhões). A agricultura, produção animal e as pescas representaram 306 milhões em 2016.
"As atividades de alojamento e restauração apresentam 238 milhões de euros, em 2016, valor que deverá crescer, dado que a atividade turística também tem aumentado e tem proporcionado a criação e o desenvolvimento de empresas de atividades associadas, apesar dos salários baixos", analisa Rafael Cota.
Também a agricultura e pescas podem crescer, considera o blogger. "A agricultura e a agropecuária, que continuam a ser o suporte mais sólido da economia das ilhas, poderiam ter um maior peso no Valor Acrescentado Bruto, mas serão necessárias mudanças significativas, porventura segui
ndo sugestões que já foram apresentadas em estudos da Universidade dos Açores", sugere.
"O diagnóstico está feito, mas existem pontos de vista diferentes quanto às soluções a implementar. Uma das causas, porventura, foi o discurso otimista, alimentando o que os agricultores queriam ouvir, mas que adiou o problema e deixou o setor sem soluções. É também preocupante que uma parte ainda significativa dos lucros da indústria fique fora da Região", sublinha.

Construção em queda

O peso do setor da construção na economia dos Açores está a cair continuamente e, do ponto de vista de Rafael Cota, esse pode ser o mais pesado desafio. "O que, porventura, poderá ser mais grave na Região é a quebra na construção civil, que está a perder funcionários e a diminuir de forma drástica o seu peso no Valor Acrescentado Bruto. Hoje há menos de metade da população empregada na construção do que há 15 anos atrás e o seu peso no VAB, que chegou a ser da ordem dos 9%, agora é apenas de 3,6%", alerta.
"A diminuição dos postos de trabalho na construção tem uma consequência social grave, pode explicar em grande parte o desemprego, as situações de pobreza e o crescimento do número de beneficiários do RSI (Rendimento Social de Inserção)", conclui.


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