A taxa de inflação nos Açores, tem vindo a registar uma
acentuada descida, situando-se no mês de Novembro em 0,7%, inferior à média
nacional, que está nos 1,06%.
Para os consumidores, a diminuição da inflação é vista como
positiva uma vez que é sinal de um abrandamento dos preços e indício de um
pequeno desafogo na economia familiar.
Na verdade, na maioria dos casos, não há propriamente baixa
de preços, mas sim uma desaceleração da subida, mas não deixa de ser um fator
positivo para quem compra.
Mas, se é um bom sinal para o consumidor, é um mau indício
para a economia no seu conjunto uma vez que, normalmente, significa que do
outro lado há uma subida da taxa de desemprego.
Economistas de diferentes escolas de pensamento concordam
com a princípio de que, no curto prazo, existe uma relação inversa entre a taxa
de inflação e a taxa de desemprego. Ou seja, quanto maior a taxa de desemprego
menor a taxa de inflação e vice-versa. A esta relação dá-se o nome de curva de
“Phillips”, em homenagem ao economista que o propôs pela primeira
vez.
Esta ligação entre inflação e desemprego decorre do fato de,
quanto maior for a taxa de desemprego, menos rendimento é gerado na economia,
seja porque são criados menos empregos, seja porque os empregos criados pagam
menores salários. O resultado é uma menor procura de bens e serviços. Quanto
menor a procura, menor a margem das empresas de aumentar os preços e maior a concorrência
entre as empresas pelos consumidores, o que leva a que reduzam os preços para
venderem mais.
No caso dos Açores é bem provável que este fenómeno esteja a
verificar-se e seja a subida da taxa de desemprego, que neste momento é
superior à médica nacional, como se vê no gráfico, estando a nível nacional em
6,7% e nos Açores dois pontos percentuais mais elevada, nos 8,7%.
Acresce que, de acordo com os dados agora distribuídos pelo
Serviço Regional de Estatística, os produtos que estão a registar uma maior
desaceleração nos preços são os produtos de alimentares não transformados e
vestuário e calçado, registando, mesmo em alguns casos uma inflação negativa,
ou seja uma efetiva diminuição dos preços, sinal de que se regista efetivamente
uma diminuição do poder de compra nos Açores.
Poderá pois concluir-se que os consumidores estão mesmo a
apertar os cordões à bolsa, tantos em artigos supérfluos como vestuário e
calçado, como já em produtos essenciais. É possível uma maior abundância de
produção local desigualmente de frutas e produtos hortícolas, esteja a
favorecer, também a favorecer a concorrência. Mas neste momento, o dado mais
visível é que o aumento do desemprego, sobretudo em áreas sociais baixas, está
a fazer as pessoas diminuírem os encargos, inclusive com a alimentação.
Rafael Cota
Para “Diário dos Açores”
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