sábado, 15 de dezembro de 2018

Taxa de Inflação a descer nos Açores. É bom ou mau?













A taxa de inflação nos Açores, tem vindo a registar uma acentuada descida, situando-se no mês de Novembro em 0,7%, inferior à média nacional, que está nos 1,06%.
Para os consumidores, a diminuição da inflação é vista como positiva uma vez que é sinal de um abrandamento dos preços e indício de um pequeno desafogo na economia familiar.
Na verdade, na maioria dos casos, não há propriamente baixa de preços, mas sim uma desaceleração da subida, mas não deixa de ser um fator positivo para quem compra.
Mas, se é um bom sinal para o consumidor, é um mau indício para a economia no seu conjunto uma vez que, normalmente, significa que do outro lado há uma subida da taxa de desemprego.
Economistas de diferentes escolas de pensamento concordam com a princípio de que, no curto prazo, existe uma relação inversa entre a taxa de inflação e a taxa de desemprego. Ou seja, quanto maior a taxa de desemprego menor a taxa de inflação e vice-versa. A esta relação dá-se o nome de curva de “Phillips”, em homenagem ao economista que o propôs pela primeira vez.  
Esta ligação entre inflação e desemprego decorre do fato de, quanto maior for a taxa de desemprego, menos rendimento é gerado na economia, seja porque são criados menos empregos, seja porque os empregos criados pagam menores salários. O resultado é uma menor procura de bens e serviços. Quanto menor a procura, menor a margem das empresas de aumentar os preços e maior a concorrência entre as empresas pelos consumidores, o que leva a que reduzam os preços para venderem mais.
No caso dos Açores é bem provável que este fenómeno esteja a verificar-se e seja a subida da taxa de desemprego, que neste momento é superior à médica nacional, como se vê no gráfico, estando a nível nacional em 6,7% e nos Açores dois pontos percentuais mais elevada, nos 8,7%.

Acresce que, de acordo com os dados agora distribuídos pelo Serviço Regional de Estatística, os produtos que estão a registar uma maior desaceleração nos preços são os produtos de alimentares não transformados e vestuário e calçado, registando, mesmo em alguns casos uma inflação negativa, ou seja uma efetiva diminuição dos preços, sinal de que se regista efetivamente uma diminuição do poder de compra nos Açores.
Poderá pois concluir-se que os consumidores estão mesmo a apertar os cordões à bolsa, tantos em artigos supérfluos como vestuário e calçado, como já em produtos essenciais. É possível uma maior abundância de produção local desigualmente de frutas e produtos hortícolas, esteja a favorecer, também a favorecer a concorrência. Mas neste momento, o dado mais visível é que o aumento do desemprego, sobretudo em áreas sociais baixas, está a fazer as pessoas diminuírem os encargos, inclusive com a alimentação.

Rafael Cota
Para “Diário dos Açores”



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