Publicado no "Diário dos Açores" de 7 de Janeiro de 2017
Valor do VAB no turismo cresce pouco
PIB dos Açores aumenta mas afasta-se das médias nacional e europeia
O
PIB nos Açores apresenta um crescimento
de 1,7%, em 2015, valor acima
da média do país e são também
favoráveis os dados relativos
ao
rendimento das famílias, mas,
percentualmente, o Produto Interno
Bruto na Região está a afastar-se
tanto da média nacional como
da média europeia (EU28).
O crescimento do
PIB nos Açores foi de 1,7%, valor acima da média do país, superior em 0,1
pontos percentuais e apresenta também resultados favoráveis em termos do
rendimento das famílias, mas, percentualmente está a afastar-se tanto da média
nacional como da média europeia (EU28).
De acordo com os mesmos resultados, no Algarve (2,7%), no Norte (1,9%), no Centro (1,9%) e na Região Autónoma dos Açores (1,7%) registaram-se acréscimos reais do PIB superiores à média nacional (1,6%). No Alentejo (1,4%) e na Área Metropolitana de Lisboa (1,2%) os acréscimos foram inferiores à média do País e na Região Autónoma da Madeira registou-se um ligeiro decréscimo (-0,1%).
Supõe-se que a evolução
negativa da Região Autónoma da Madeira terá resultado da diminuição do VAB das
empresas que operam a partir do Centro Internacional de Negócios da Madeira.
A região do Algarve
apresentou o maior crescimento real do PIB (2,7%), seguida das regiões Norte e
Centro (ambas com 1,9%), para o que contribuiu decisivamente o aumento do VAB
dos ramos do comércio, transportes, alojamento e restauração. O crescimento nas
regiões Norte e Centro foi igualmente influenciado pelo crescimento do VAB da
indústria e energia, ramo com especial relevância nestas regiões.
Se o INE é claro a indicar
que as causas do crescimento do PIB em várias regiões, a raiz da subida nos
Açores não estão por agora discriminadas.
Nos Açores esperava-se que a
dinâmica do turismo tivesse um maior peso no Valor Acrescentado Bruto mas, o
turismo e todo o conjunto de serviços, apresentam uma ligeira subida, mas não é
ainda o esperado. Presentemente, os serviços, que incluem, “Comércio por grosso
e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos; transportes e
armazenagem; actividades de alojamento e restauração”, representa, em 2015, 24%
do total do Valor Acrescentado Bruto, sensivelmente o mesmo que em 2014.
É possível que os dados
definitivos, relativos a 2015 --por enquanto são dados preliminares --, possam
apresentar valores diferentes para este sector, tendo em conta a dinâmica que
se assistiu em várias actividades relacionadas com o sector.
Todavia, embora isso não seja
referido nos documentos oficiais, o facto é que uma boa parte dos serviços como
as passagens, o alojamento e até comida e diversas actividades recreativas e de
lazer são pagas nas agências do continente ou pela interne, pelo que fica na
Região uma parte não muito significativa.
Segundo os dados agora
divulgados, o PIB nos Açores cresceu mais do que o conjunto do país, mas
trata-se apenas de 0,1 pontos percentuais e se virmos a evolução dos últimos
anos, o crescimento real do PIB tem andado muito próximo da média do país, o
que não acontecia antes de 2003.
A conjugação destes factores
tem feito com que o valor do PIB da Região se tenha afastado nos últimos anos
relativamente à média nacional e à média europeia, como se pode ver nos
gráficos.
Esta situação é também
visível no PIB per capita, verificando-se que neste momento os Açores
apresentam um valor de 15,4 milhares euros por habitante, uma posição inferior
à Madeira que detém neste momento um PIB per capite de 16,1 milhares de euros
e, naturalmente, inferior à Região de Lisboa, que está muito acima com 23,2
milhares de euros por habitante.
Resta saber como evoluirão os
diferentes indicadores nos próximos anos nos Açores. Há boas perspectivas no
turismo e serviços que se poderão revelar já em 2016, mas existem áreas que se
estimam desfavoráveis, designadamente no sector primário, como a diminuição da
produção de leite e a sua desvalorização no mercado e a pesca que tem vindo a
apresentar uma enorme quebra.
A Região enfrenta ainda limitações
no sector da indústria, com valores muito pouco sólidos, e a queda da
construção. Os Açores poderão também ver diminuído do sector da Administração
Pública que sempre teve o maior peso na construção do VAB, mas que nos últimos
tempos tem vindo a perder peso.
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