domingo, 27 de julho de 2025

Oferta de empregos na agricultura e turismo

 Fenómeno diferente há uma década atrás

Mais empregos no turismo do que na agricultura

Rafael Cota(*)


De acordo com o último inquérito ao emprego distribuído pelo SREA, o Turismo emprega cerca de 10 300 funcionários e a agricultura, que em tempos foi o "tampão" social nas crises de empego, está em queda e representa apenas 7 200 postos de trabalho.
Esta viragem começou a registar-se nos anos 2022 e 2023, quando o turismo voltava à sua curva ascendente depois da COVID, já com a agricultura a sentir as consequências da crise do sector.
Se analisarmos os valores líquidos de cada um dos sectores vemos que as receitas obtidas pelo turismo no ano passado, foram da ordem dos 186 milhões de euros. Este número refere-se a receitas dos aposentos e restaurantes. Os lacticínios, incluindo leite, queijo, manteiga, lite em pó e iogurtes, renderam em valores de vendas diretas nos Açores, no continente e no estrangeiro cerca de 185 milhões de euros. São valores muito próximos.
Todavia, falta acrescentar as receitas que advêm, no caso do turismo, de atividades paralelas, como restaurantes, visitas a locais de interesse turístico, carros de aluguer, atividades náuticas de diversa natureza e outras formas de lazer.
Na agricultura, fica a faltar incluir produtos artesanais, atividades particulares como culturas para uso próprio e eventualmente as receitas provenientes das festas populares e da pecuária do gado bravo.
É fácil de concluir que o turismo, para além de empregar mais gente, é neste momento um sector com maior impacto na economia.
A secretária da Economia, Berta Cabral em declarações na Feira do Turismo disse que atualmente o Valor Acrescentado Bruto do Turismo, deverá rondar os 20%, valor que ficará longe da agricultura, que de acordo os dados de 2023, últimos conhecidos, situava-se nos 6,3%, um valor que parece vir a decrescer dado que em 2019 era 8,5%.
Turismo sempre a crescer
Se crescem os rendimentos do turismo também crescem os alojamentos e consequentemente o número de funcionários. Em 2024 existiam 13 171 camas ativas na hotelaria tradicional e 1 823 no Turismo em Espaço rural (TUR). No Alojamento Local não existem números precisos, mas segundo os dados de 2023 estavam registados 3083 unidades com aproximadamente 16 000 camas.
Outro fator positivo é que tem vindo sempre a crescer desde a pandemia. Em 2023 aumentou 14,6 %, em 2024, 11,7% e nos primeiros 5 meses do corrente ano volta a apresentar um aumento de 6,5 %, ainda sem a época alta.
Em termos de rendimentos, também se verifica um significativo crescimento, em 2022 atingiu 128 milhões, em 2023, 158 milhões (+24%) e em 2024, 186 milhões (+18%).
Agropecuária ainda é sector sólido
Não é seguro considerar que estamos a caminhar para um novo ciclo económico depois do ciclo da vaca, no princípio de que os Açores viveram o seu percurso económico por ciclos.
Na verdade, a agricultura ainda é uma atividade sólida, baseada em grande parte em fatores próprios endógenos, apesar de, por erro de percurso, estar a crescer a dependência externa, sobretudo em rações.
O turismo é sector de moda em todo o mundo e também nos Açores está fase crescente, mas é um sector menos seguro que pode alterar-se por diversas razões, como ofertas mais atrativas de outros destinos, falta de recursos económicos das famílias, ou fenómenos naturais.
Apesar da dinâmica que representa para a economia, o turismo ainda está longe de ser o suporte económico das ilhas. Os Açores ainda dependem muito do sector público, representando mais de 40 mil postos de trabalho num total de 121 mil ativos. É também o sector público que representa uma das parcelas mais importante do Valor Acrescentado Bruto, situando-se em 32 % em 2021, seguindo-se o setor imobiliário vale 10 % do VAB (desceu dois pontos percentuais).
Mas, não se pode ignorar que presentemente o turismo é um motor significativo da economia dos Açores e para já está num caminho promissor. De sublinhar também o facto de muitos destinos estarem a enfrentar situações instáveis devido aos conflitos políticos e bélicos que são desencorajadoras para viagens.
 
(*) jornalista

Oferta de empregos na agricultura e turismo

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