segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Turismo cresce mais na Terceira

 Balanço de quatro anos
Turismo cresce mais na Terceira e menos no Faial e S. Jorge


Publicado no "Diário dos Açores" de 21 de Agosto de 2018

Um balanço dos números da actividade turística desde o arranque das low cost permite conlcuir que a ilha que, proporiconalmente, mais cresceu em termos de dormidas, foi a Terceira e em pior lugar ficaram o Faial e S. Jorge, com um crescimento de apenas 16%.
Os dados, recentemente divulgados, mostram que nos primeiros 5 meses do corrente ano, o turismo cresceu apenas 0,2%, o mesmo é dizer, que praticamente estagnou, ou pelo menos está longe dos aumentos registados em anos anteriores, de 19%, 21% e 15%, confirmando que estes números não se iriam verificar para sempre. (Nota: Os valores referentes a 2018 são estimativas com base nos dados até agora disponíveis).
De acordo com a directora regional do Turismo, a “contenção nas taxas de crescimento associadas ao número de turistas” é justificada pela “desaceleração conjuntural internacional dos fluxos turísticos já prevista desde fins de 2017”, assim como pelo “ressurgimento de destinos de sol e praia baseadas em políticas comerciais de preço extremamente baixo e fortemente subsidiadas na vertente da promoção”.
Já se calculava que o forte incremento do turismo nos Açores resultara da operação das low cost, com preços altamente apelativos e pelo receio da insegurança de alguns destinos, mas o facto é que a promoção intensiva e preços muito baixos em destinos como Egito, Turquia ou Tunísia, influenciam negativamente destinos como os Açores e mesmo o continente.
Estes 4 anos confirmaram também que, por muito que o turismo cresça, não é fácil contrariar a sazonalidade e não sendo um destino de sol e praia, dificilmente terá números muito elevados, nas épocas baixas.
Ainda bem, dirão alguns; pena dirão outros. Há quem receasse, que o excesso de turistas em alguns locais pudesse trazer problemas ambientais, porém, é uma realidade, que nestes últimos 4 anos o turismo permitiu animar a economia e já vários empresários se preparavam para novos investimentos.
Este espaço de tempo permitiu também confirmar que o aumento do turismo não depende das ligações aéreas diretas mas sim da organização dos programas oferecidos pelas agências de viagem e dos horários das ligações internas da SATA. Aliás um fenómeno que é muito anterior ao boom do turismo agora registado.
Tem-se o exemplo da Terceira cujo volume de turistas começou a crescer antes das viagens diretas da Ryanair para as Lajes.
De um modo geral, o turista quer ver duas ou três ilhas e sentir o mar. Veja-se pela explosão das empresas de atividades ligadas ao mar.
O facto é que todas as ilhas ganharam com o aumento do turismo, embora em dimensões diferentes.
O baixo valor do Faial terá a ver com o facto de a ilha ter já um volume regular de hóspedes com a atividade da Assembleia, que durante todos os meses leva até à cidade muitas pessoas ligadas à política, incluindo deputados e membros do governo pelo que, em termos comparativos, é menos expressivo o valor do crescimento da atividade turística. O elevado crescimento registado na Terceira (+ 81%), em alguma medida, tem a ver com o facto de anteriormente, em 2015, os números serem proporcionalmente dos mais baixos, só à frente da Graciosa e S. Jorge, condição que se pode perceber pelo valor de dormidas por 100 habitantes.
Esta análise permite deduzir que se torna imperativo analisar os horários dos aviões, os custos das passagens aéreas, que por vezes parecem muito em conta mas se tornam pesados se se pretende acrescentar algum volume de bagagem – o que é normal dado que quem viaja gosta sempre de levar uma recordação e ainda bem para a economia local – e é importante avaliar muito bem os preços dos diferentes serviços. Preços elevados podem afastar pessoas, já que a concorrência é muito grande, noutros destinos.
Já é claro que os Açores são um destino privilegiado para um determinado tipo de turista que gosta da natureza e que aprecia um pouco de aventura em terra ou no mar. Mas não é um destino de sol e praia, que atrai maior número de turistas. Mas são necessários os dois, para que haja uma massa crítica que justifique voos com frequência e mantenha ativas as empresas ligadas ao sector.
Rafael Cota
Para “Diário dos Açores


Sem comentários: