Rafael Cota
O índice de Preços no
Consumidor apresenta um enorme crescimento na alimentação e hotelaria, no
espaço entre Fevereiro de 2022 e Fevereiro de 2025, bastante acima dos
restantes sectores
Os dados, distribuídos pelo
SREA (base 100 - 2012), mostram que, no caso da alimentação os crescimentos são
notórios no peixe, carne, fruta e açúcar, enquanto na hotelaria a aceleração
revela-se sobretudo nos restaurantes e nos preços do alojamento. Confirma em
números o que já é sentido na prática pelos cidadãos.
O vestuário é o único sector
que apresenta, nestes três anos, uma desaceleração, ou se quisermos uma
inflação negativa (deflação), o mesmo é dizer que os preços baixaram, neste
espaço de tempo.
No tocante ao sector da
alimentação, conforme se vê no gráfico, a subida tem sido gradual (mais
acentuada nos primeiros tempos), no que respeita à hotelaria a linha é
irregular refletindo as épocas alta e baixa, que ainda são bastantes sentidas
no turismo dos Açores.
No caso dos preços da
hotelaria é um fenómeno que se verifica em todas as localidades de maior
crescimento turístico, seguindo o princípio da oferta e da procura que faz
elevar os preços, nivelando por cima. O facto de existir uma maior concorrência
ainda não é suficiente para impedir este fenómeno. Por outro lado, as
matérias-primas e os serviços também cresceram.
No que respeita à
alimentação, sobretudo na carne, refletem-se os aumentos dos custos de produção
que se verificaram no início da guerra na Ucrânia e, mesmo com algum alívio de
determinados fatores, mantém-se, de igual modo, em valores elevados.
De acordo com a informação
metodológica apresentada pelo Serviço de Estatística, o Índice de Preços no
Consumidor (IPC) mede a evolução temporal dos preços de um conjunto de bens e
serviços representativos da estrutura do consumo da população residente. O IPC
não é um indicador do nível de preços, mas um indicador da respetiva variação.
Inflação volta a subir
Apesar dos crescimentos no IPC na alimentação e restauração a taxa de inflação, considerando o valor médio dos últimos 12 meses, registou um significava descida nos últimos anos, mercê de um crescimento menos acentuado de outros setores e até, no caso do vestuário, de uma taxa negativa. No entanto, desde finais do ano passado voltou a subir, ainda que ligeiramente, apresentando no mês de Fevereiro um valor de 2,12%. Continua porém inferior à média do país (2,46%) e é a segunda região com menor inflação, superior apenas à do Algarve (1,63%). A Madeira foi a região que apresentou a inflação mais elevada em Fevereiro (3,56%).